quarta-feira, 29 de junho de 2011

"Como músico, tenho preferência pelo Jazz. Mas, mesmo tendo essa paixão, nunca parei para pensar sobre ela até recentemente, quando resolvi traçar um paralelo entre o gosto musical e a necessidade de controle sobre a vida, racionalizando assim o meu gosto.

Como é sabido, o Jazz cada vez mais se estabilizou como um estilo de improviso. Essa característica não se ressalta apenas nesse estilo, mas também em outros estilos contemporâneos, como o Blues, alguns tipos de Rock e música erudita contemporânea. Quanto mais improvisadas são as músicas, maior é o controle que abrimos mão em favor da criação de uma musicalidade diferente e espontânea.

Tendo isso em vista, entendo que o excesso de espontaneidade pode ser estranhado para aqueles quem não têm naturalidade em seus passos, faltando-lhes algo concreto em que possam se segurar. Para estes, é impossível preencher-se do abstrato, dos sentimentos, das interpretações de frases preferidas por um instrumento. A beleza do descontrole está em enfrentar o desconhecido em um universo que você conhece, ter que lidar com a adrenalina de resolver situações em um curto espaço de tempo, sentir cada vez que a resolução não se encaminha para o lugar que você imagina.

Contudo, penso que enquanto as pessoas tiverem medo do descontrole, que é uma força revolucionária, tendemos a permanecer estagnados em um lugar comum, não só na música, quanto no mundo inteiro. Devemos explorar o desconhecido e esse desconforto será seguido pelo conhecimento do que há de desbravado, girando o motor que nos leva para frente.

Viva o Som, viva o Caos!"



Texto por Kauê Husani 


E eu concordo com cada virgula.