domingo, 14 de agosto de 2011

Você sabe...


Dragões, você sabe, são animais mitológicos. Dragões não existem. Como escritores,  músicos, pintores, filósofos, ou todas essas pessoas que – loucas – querem sentir num mundo em que é ridículo sentir. Você tem é que ganhar, conquistar poder e glória. Os dragões desprezam esse paraíso. Têm asas, querem voar. Como os anjos






Caio F. Abreu

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Soneto 23

Como no palco o ator que é imperfeito
Faz mal o seu papel só por temor,
Ou quem, por ter repleto de ódio o peito
Vê o coração quebrar-se num tremor,

Em mim, por timidez, fica omitido
O rito mais solene da paixão;
E o meu amor eu vejo enfraquecido,
Vergado pela própria dimensão.

Seja meu livro então minha eloqüência,
Arauto mudo do que diz meu peito,
Que implora amor e busca recompensa

Mais que a língua que mais o tenha feito.
Saiba ler o que escreve o amor calado:
Ouvir com os olhos é do amor o fado.



William Sheakspeare

quarta-feira, 29 de junho de 2011

"Como músico, tenho preferência pelo Jazz. Mas, mesmo tendo essa paixão, nunca parei para pensar sobre ela até recentemente, quando resolvi traçar um paralelo entre o gosto musical e a necessidade de controle sobre a vida, racionalizando assim o meu gosto.

Como é sabido, o Jazz cada vez mais se estabilizou como um estilo de improviso. Essa característica não se ressalta apenas nesse estilo, mas também em outros estilos contemporâneos, como o Blues, alguns tipos de Rock e música erudita contemporânea. Quanto mais improvisadas são as músicas, maior é o controle que abrimos mão em favor da criação de uma musicalidade diferente e espontânea.

Tendo isso em vista, entendo que o excesso de espontaneidade pode ser estranhado para aqueles quem não têm naturalidade em seus passos, faltando-lhes algo concreto em que possam se segurar. Para estes, é impossível preencher-se do abstrato, dos sentimentos, das interpretações de frases preferidas por um instrumento. A beleza do descontrole está em enfrentar o desconhecido em um universo que você conhece, ter que lidar com a adrenalina de resolver situações em um curto espaço de tempo, sentir cada vez que a resolução não se encaminha para o lugar que você imagina.

Contudo, penso que enquanto as pessoas tiverem medo do descontrole, que é uma força revolucionária, tendemos a permanecer estagnados em um lugar comum, não só na música, quanto no mundo inteiro. Devemos explorar o desconhecido e esse desconforto será seguido pelo conhecimento do que há de desbravado, girando o motor que nos leva para frente.

Viva o Som, viva o Caos!"



Texto por Kauê Husani 


E eu concordo com cada virgula.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

"Em outras palavras, eu sou três. Um homem fica sempre no meio, despreocupado, sem se emocionar, observando, esperando que lhe permitam expressar o que ele vê para os outros dois. O segundo homem é como um animal assustado que ataca por medo de ser atacado. E, então, há uma pessoa gentil e superamorosa que acolhe as pessoas no templo mais sagrado do seu ser, aceita insultos, confia, assina contratos sem ler, cai na conversa dos outros e acaba trabalhando barato ou de graça, e quando percebe o que lhe fizeram tem vontade de matar e destruir tudo ao seu redor, inclusive a si mesma por ter sido tão estúpida. Mas não consegue, e volta pra dentro de si mesma.
 - Qual deles é real?
 - São todos reais."


Charles Mingus

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O pensamento tem poder infinito.
Ele mexe com o destino, acompanha a sua vontade.
Ao esperar o melhor, você cria uma expectativa positiva que detona o processo de vitória.
Ser otimista é ser perseverante, é ter uma fé inabalável e uma certeza sem limites de que tudo vai dar certo.
Ao nascer o sentimento de entusiasmo, o universo aplaude tal iniciativa e conspira a seu favor, colocando-o a serviço da humanidade.
Você é quem escreve a história de sua vida - ao optar pelas atitudes construtivas - você cresce como ser humano e filho dileto de DEUS.
Positivo atrai positivo.
Alegria chama alegria.
Ao exalar esse estado otimista, nossa consciência desperta energias vitais que vão trbalhar na direção de suas metas. 
Seja incansavelmente otimista. Faz bem para o corpo, para a mente e para a alma.
É humano e natural viver aflições, só não é inteligente conviver com elas por muito tempo.
Seja mais paciente consigo mesmo, saiba entender suas limitações.
Sem esforço não existe vitória.
Ao escolher com sabedoria viver sua vida com otimismo, seu coração sorri, seus olhos brilham e a humanidade agradece por você existir.





Pablo Neruda



domingo, 22 de maio de 2011

Necessitado e obcecado, contra todo o pecado 
sou iluminado, deus mostrou o caminho eu entendi o recado 
é o que veremos, pois tudo que queremos são bens terrenos 
venenos consomem a vida e nem terrenos teremos 
e nem momentos serenos, mas que bons homens seremos 
passamo a vida em guerra, mas foi a paz que vencemos
querendo cama, cigarro, garrafa de cana 
roupas e grana e sexo e dois minutos de fama 
e 70 anos na lama, como a vida te engana 
10 minutos fudendo os outro em um segundo se dana 
é certo, que nem quem não conseguiu mas teve bem perto 
só não foi esperto o bastante, pra estar de olhos abertos 
esquece o cetro em pé, tá sentado no trono 
olha o planeta que tá na sua frente, porque ele ainda não tem dono
e trabalhe sua vida inteira por isso e depois perca tudo no sono
porque escuta tudo no estereo, mas processa tudo no mono
tem um martelo e um prego sem emprego na sua cidade 
ou esmaga ou esmagado, passando necessidade 
sou um refém da vida, e vou morrer um refém que sabe 
que o martelo só faz encravar o prego na sociedade 
que se fodam as verdades, isso só o que muitos sabem 
e sabem apenas metade, a mente poucos a abrem 
e quando abrem é tarde, é igual o navio que parte 
os corformados morrem de infarto, ao 50 de idade





segunda-feira, 16 de maio de 2011

quarta-feira, 11 de maio de 2011


I can't refuse it
what to be, got to be
Feel like dancing
dance 'cause we are free
Feel like dancing,
come dance with me
Você vive em suas palavras e em nossos corações, Mestre.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

One baby to another says:  "I'm lucky to have met you"






MESTRES! Cara, como pode um simples preconceito da adolescência te privar de uma coisa que você curtia tanto quando era criança?! Que bobagem, adolescentes são sempre impulsivos demais, ignorantes demais... Como esses 3 caras eram FODAS juntos! Que puta power-trio de rock. Ahhhhh, e que rock, hoje em dia não tem mais isso.

Hoje em dia, eu me espelho nesses caras.

Em homenagem aos 10 anos que eu perdi da minha vida renegando o Nevermind, e principalmente o Nirvana. GÊNIOS.



PS: Olha a pegada desse Dave Grohl tocando batera amigos, hahahahahahha surreal. Como esses 3 eram fodas juntos <3
"Olha, fique em silêncio. Eu gosto do teu silêncio. Mas também gosto de tuas palavras - acredite. Mas não vim aqui para te falar de ruídos - ou não - , estou aqui para te falar de céu, mar, estrelas e tapioca - como naquele dia, lembra? - Ontem por incrível que pareça todos os lugares que pisei eu te procurei. Teus rastros ficaram por lá. O balançar de teus cabelos e esse teu jeito meio atacado de ser. Fiquei feliz em poder sentir tua falta, - a falta mostra o quão necessitamos de algo/alguém. É assim o nosso ciclo. Eu te preciso. Perto, longe, tanto faz. Preciso saber que tu está bem, se respira, se comeu ou tomou banho - com o calor que está fazendo neste verão, tome pelo menos uns três ao dia, e pense em mim, estou com calor também. Me faz bem pensar nessas atividades corriqueiras, que supostamente você está fazendo. Ah, e eu estou te esperando, com meu vestido curto, óculos escuros grandes e meu coração pulsando forte, e te abraçar até sentir o mundo girar apenas para nós. É, eu gosto muito de ti." 


Caio F Abreu

terça-feira, 3 de maio de 2011

Além da Terra, além do Céu,
no trampolim do sem-fim das estrelas,
no rastro dos astros,
na magnólia das nebulosas.
Além, muito além do sistema solar,
até onde alcançam o pensamento e o coração,
vamos!
vamos conjugar
o verbo fundamental essencial,
o verbo transcendente, acima das gramáticas
e do medo e da moeda e da política,
o verbo sempreamar,
o verbo pluriamar,
razão de ser e de viver.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Wait for Sleep

Standing by the window
Eyes upon the moon
Hoping that the memory
Will leave her spirit soon
She shuts the doors and lights
And lays her body on the bed
Where images and words are running deep
She has to much pride to pull the sheets above her head
So quietly she lays and waits for sleep
She stares at the ceiling
And tries not to think
And pictures the chain
She's been trying to link again
But the feeling is gone
And water can't cover her memory
And ashes can't answer her pain
God give me the power to take breath from a breeze
And call life from a cold metal frame
In with the ashes
Or up with the smoke from the fire
With wings up in heaven
Or here lying in bed
Palm of her hand to my head
Now and forever curled in my heart
And the heart of the world
Todos estes que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...


Mário Quintana
    Como é por dentro outra pessoa
    Quem é que o saberá sonhar?
    A alma de outrem é outro universo
    Com que não há comunicação possível,
    Com que não há verdadeiro entendimento.
      Nada sabemos da alma
      Senão da nossa;
      As dos outros são olhares,
      São gestos, são palavras,
      Com a suposição de qualquer semelhança
      No fundo.

        Fernando Pessoa, 1934

          Join the Resistance: Fall in Love

          Falling in love is the ultimate act of revolution, of resistance to today's tedious, socially restrictive, culturally constrictive, humanly meaningless world.
          Love transforms the world. Where the lover formerly felt boredom, he now feels passion. Where she once was complacent, she now is excited and compelled to self-asserting action. The world which once seemed empty and tiresome becomes filled with meaning, filled with risks and rewards, with majesty and danger. Life for the lover is a gift, an adventure with the highest possible stakes; every moment is memorable, heartbreaking in its fleeting beauty. When he falls in love, a man who once felt disoriented, alienated, and confused will know exactly what he wants. Suddenly his existence will make sense to him; suddenly it becomes valuable, even glorious and noble, to him. Burning passion is an antidote that will cure the worst cases of despair and resigned obedience.
          Love makes it possible for individuals to connect to others in a meaningful way—it impels them to leave their shells and risk being honest and spontaneous together, to come to know each other in profound ways. Thus love makes it possible for them to care about each other genuinely, rather than at the end of the gun of Christian doctrine. But at the same time, it plucks the lover out of the routines of everyday life and separates her from other human beings. She will feel a million miles away from the herd of humanity, living as she is in a world entirely different from theirs.
          In this sense love is subversive, because it poses a threat to the established order of our modern lives. The boring rituals of workday productivity and socialized etiquette will no longer mean anything to a man who has fallen in love, for there are more important forces guiding him than mere inertia and deference to tradition. Marketing strategies that depend upon apathy or insecurity to sell the products that keep the economy running as it does will have no effect upon him. Entertainment designed for passive consumption, which depends upon exhaustion or cynicism in the viewer, will not interest him.
          There is no place for the passionate, romantic lover in today's world, business or private. For he can see that it might be more worthwhile to hitchhike to Alaska (or to sit in the park and watch the clouds sail by) with his sweetheart than to study for his calculus exam or sell real estate, and if he decides that it is, he will have the courage to do it rather than be tormented by unsatisfied longing. He knows that breaking into a cemetery and making love under the stars will make for a much more memorable night than watching television ever could. So love poses a threat to our consumer-driven economy, which depends upon consumption of (largely useless) products and the labor that this consumption necessitates to perpetuate itself.
          Similarly, love poses a threat to our political system, for it is difficult to convince a man who has a lot to live for in his personal relationships to be willing to fight and die for an abstraction such as the state; for that matter, it may be difficult to convince him to even pay taxes. It poses a threat to cultures of all kinds, for when human beings are given wisdom and valor by true love they will not be held back by traditions or customs which are irrelevant to the feelings that guide them.
          Love even poses a threat to our society itself. Passionate love is ignored and feared by the bourgeoisie, for it poses a great danger to the stability and pretense they covet. Love permits no lies, no falsehoods, not even any polite half-truths, but lays all emotions bare and reveals secrets which domesticated men and women cannot bear. You cannot lie with your emotional and sexual response; situations or ideas will excite or repel you whether you like it or not, whether it is polite or not, whether it is advisable or not. One cannot be a lover and a (dreadfully) responsible, (dreadfully) respectable member of today's society at the same time; for love will impel you to do things which are not "responsible" or "respectable." True love is irresponsible, irrepressible, rebellious, scornful of cowardice, dangerous to the lover and everyone around her, for it serves one master alone: the passion that makes the human heart beat faster. It disdains anything else, be it self-preservation, obedience, or shame. Love urges men and women to heroism, and to antiheroism—to indefensible acts that need no defense for the one who loves.
          For the lover speaks a different moral and emotional language than the typical bourgeois man does. The average bourgeois man has no overwhelming, smoldering desires. Sadly, all he knows is the silent despair that comes of spending his life pursuing goals set for him by his family, his educators, his employers, his nation, and his culture, without ever being able to even consider what needs and wants he might have of his own. Without the burning fire of desire to guide him, he has no criteria upon which to choose what is right and wrong for himself. Consequently he is forced to adopt some dogma or doctrine to direct him through his life. There are a wide variety of moralities to choose from in the marketplace of ideas, but which morality a man buys into is immaterial so long as he chooses one because he is at a loss otherwise as to what he should do with himself and his life. How many men and women, having never realized that they had the option to choose their own destinies, wander through life in a dull haze thinking and acting in accordance with the laws that have been taught to them, merely because they no longer have any other idea of what to do? But the lover needs no prefabricated principles to direct her; her desires identify what is right and wrong for her, for her heart guides her through life. She sees beauty and meaning in the world, because her desires paint the world in these colors. She has no need for dogmas, for moral systems, for commandments and imperatives, for she knows what to do without instructions.
          Thus she does indeed pose quite a threat to our society. What if everyone decided right and wrong for themselves, without any regard for conventional morality? What if everyone did whatever they wanted to, with the courage to face any consequences? What if everyone feared loveless, lifeless monotony more than they fear taking risks, more than they fear being hungry or cold or in danger? What if everyone set down their "responsibilities" and "common sense," and dared to pursue their wildest dreams, to set the stakes high and live each day as if it were the last? Think what a place the world would be! Certainly it would be different than it is now—and it is quite a truism that people from the "mainstream," the simultaneous keepers and victims of the status quo, fear change.
          And so, despite the stereotyped images used in the media to sell toothpaste and honeymoon suites, genuine passionate love is discouraged in our culture. Being "carried away by your emotions" is frowned upon; instead we are raised to always be on our guard lest our hearts lead us astray. Rather than being encouraged to have the courage to face the consequences of risks taken in pursuit of our hearts' desires, we are counseled not to take risks at all, to be "responsible." And love itself is regulated. Men must not fall in love with other men, nor women with other women, nor individuals from different ethnic backgrounds with each other, or else the usual bigots who form the front-line offensive in the assault of modern Western culture upon the individual will step in. Men and women who have already entered into a legal/religious contract with each other are not to fall in love with anyone else, even if they no longer feel any passion for their marital partner. Love as most of us know it today is a carefully prescribed and preordained ritual, something that happens on Friday nights in expensive movie theaters and restaurants, something that fills the pockets of the shareholders in the entertainment industries without preventing workers from showing up to the office on time and ready to reroute phone calls all day long. This regulated, commercial "love" is nothing like the passionate, burning love that consumes the genuine lover. These restrictions, expectations, and regulations smother true love; for love is a wild flower that can never grow within the confines prepared for it but only appears where it is least expected.
          We must fight against these cultural restraints that would cripple and smother our desires. For it is love that gives meaning to life, desire that makes it possible for us to make sense of our existence and find purpose in our lives. Without these, there is no way for us to determine how to live our lives, except to submit to some authority, to some god, master or doctrine that will tell us what to do and how to do it without ever giving us the satisfaction that self-determination does. So fall in love today, with men, with women, with music, with ambition, with yourself. . . with life!
          One might say that it is ridiculous to implore others to fall in love—one either falls in love or one does not, it is not a choice that can be made consciously. Emotions do not follow the instructions of the rational mind. But the environment in which we must live out our lives has a great influence on our emotions, and we can make rational decisions that will affect this environment. It should be possible to work to change an environment that is hostile to love into an environment that will encourage it. Our task must be to engineer our world so that it is a world in which people can and do fall in love, and thus to reconstitute human beings so that we will be ready for the "revolution" spoken of in these pages—so that we will be able to find meaning and happiness in our lives.
          What if everyone decided right and wrong for themselves, without any regard for conventional morality? What if everyone did whatever they wanted to, with the courage to face any consequences? What if everyone feared loveless, lifeless monotony more than they fear taking risks, more than they fear being hungry or cold or in danger? What if everyone set down their "responsibilities" and "common sense," and dared to pursue their wildest dreams, to set the stakes high and live each day as if it were the last? Think what a place the world would be!

          domingo, 24 de abril de 2011

          quinta-feira, 21 de abril de 2011

          Tempestade

          "Nada como um nado estilo livre nesse mar
          nado de peito que é desse jeito que eu curto nadar
          nadar da pedra pra praia, da praia pra pedra, do canto pro meio, do meio pro canto, do raso pro fundo
          do fundo do peito, de dentro da onda pra fora da linha da arrebentação da ressaca do mundo
          alguns segundos só na apnéia
          sem respiração, só pra abrir o pulmão e as idéias
          só pra sentir saudade do oxigênio
          e respirar de novo e me lembrar de que isso é um prêmio
          só pra cuspir com força o gás carbônico
          como se eu vomitasse os meus problemas mais recentes e os crônicos
          como se eu decolasse naquela asa delta que levou o nosso amigo de repente
          e pudesse pousar tranquilamente, talvez no pára-pente, talvez no pára-quedas sobressalente
          sorridente como sempre lá no alto, sempre pronto pra dar mais um salto
          o nosso encontro tá marcado aí no céu
          a gente perde a linha mas não perde o carretel
          Não tenho tempo a perder
          a vida é muito curta pra fazer todas as coisas que eu quero fazer
          Quem tem boca vai a Roma, quem tem barco vai a remo
          quem tem burka vai a Meca, quem tem beca vai a festa e parte logo pro ataque
          quem tem beque se defende, quem tem craque surpreende com uma jogada de ...
          estufa a rede, faz um golaço
          o lançe é ocupar os espaços
          sem perder a perseverança
          que depois da tempestade vem bonança (...)
          "
          Sem perder a humildade na bonança...

          Gabriel, O pensador - Tempestade (Cavaleiro Andante, Faixa 9)

          quarta-feira, 20 de abril de 2011

          Walden

          "Nesse meio tempo o anfitrião contava-me a sua história, quão duro trabalhara "atolando-se" para um fazendeiro da vizinhança, cavoucando um prado à razão de vinte dólares o hectare, com o direito de usar a terra adubada durante um ano, tendo a seu lado no serviço o diligente garoto de cara larga, que nem sequer suspeitava da péssima barganha do pai. Tentei ajudá-lo com a minha experiência, dizendo-lhe que era dos meus vizinhos mais próximos, e também que eu, que viera até ali pescar e poderia parecer um vagabundo, estava que nem ele ganhando a vida; que eu vivia numa casinha clara e limpa, dificilmente mais cara do que o aluguel anual de uma em tão péssimas condições como a dele; e como, se ele se dispusesse a isso, poderia num mês ou dois construir para si um palácio; que eu não tomava chá, café ou leite, nem comia manteiga nem carne fresca, não precisando portanto trabalhar para obtê-los; coerentemente, como não trabalhava muito, não precisava comer muito, e a comida me saía por uma bagatela; mas se ele se dava ao luxo de tomar chá, café e leite, e comer manteiga e bifes, teria que dar duro para pagá-los, e quando tivesse dado duro teria que comer muito para repor o desgaste de energia — e assim sendo dava tudo no mesmo, e só não dava no mesmo porque ele estava insatisfeito e desperdiçava sua vida na transação; e contudo, ao vir para a América, ele considerara uma vantagem que aqui se pudesse obter chá, café e carne todos os dias. Mas a única América verdadeira é aquela onde se é livre para viver de tal modo que se possa dispensar tudo isso, e onde o Estado não se empenhe em constranger o indivíduo a sustentar a escravidão, a guerra e outras despesas supérfluas, que direta ou indiretamente resultam do uso de tais coisas." 

          Joseph Proudhon, em A Propriedade É Um Roubo E Outros Escritos Anarquistas

          "A solução está encontrada, bradam os intrépidos. Que todos os cidadãos participem do voto: não haverá poder que lhes resista, nem sedução que os corrompa (...)
          Nós entramos no atoleiro.
          Não acredito, de maneira alguma, justificadamente, nesta intuição divinatória da multidão, que a faria discernir, logo de imediato, o mérito e a honorabilidade dos candidatos. Os exemplos são abundantes em personagens eleitos por aclamação e que, sobre as bandeiras em que se ofereciam aos olhos do povo arrebatado, já preparavam a trama de suas traições. Entre dez tratantes, o povo, em seus comícios, quase que não encontra um homem honesto...

          Mas que me interessam, ainda uma vez, todas estas eleições? Que necessidade tenho de mandatários, tanto como de representantes? E, já que é preciso que eu determine minha vontade, não posso exprimi-la sem a ajuda de ninguém? Isto me custará mais e, além disso, não estou mais certo de mim do que de meu advogado?
          "

          "Ser governado é ser, em cada operação, em cada transação, em cada movimento, notado, registrado, arrolado, tarifado, timbrado, medido, taxado, patenteado, licenciado, autorizado, apostilado, admoestado, estorvado, emendado, endireitado, corrigido. É, sob pretexto de utilidade pública, e em nome do interesse geral, ser pedido emprestado, adestrado, espoliado, explorado, monopolizado, concussionado, pressionado, mistificado, roubado; depois, à menor resistência, à primeira palavra de queixa, reprimido, corrigido, vilipendiado, vexado, perseguido, injuriado, espancado, desarmado, estrangulado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído e, para não faltar nada, ridicularizado, zombado, ultrajado, desonrado. Eis o governo, eis sua justiça, eis sua moral! E dizer que há entre nós democratas que pretendem que o governo prevaleça; socialistas que sustentam esta ignomínia em nome da liberdade, da igualdade e da fraternidade; proletários que admitem sua candidatura à presidência da República!"

          Bob Black - A Abolição do Trabalho

          "A maioria das mulheres e dos homens têm que estar acordados durante décadas das suas breves vidas para conquistarem os seus «salários-marmitas». Não é ilusório denominar o nosso sistema de democracia, capitalismo ou melhor ainda de industrialismo, mas o seu verdadeiro nome é fascismo fábrica e oligarquia de ofício. Quem afirmar que estas pessoas são livres está a mentir ou é estúpido. Tu és aquilo que fazes. Se fazes coisas chatas, estúpidas ou monótonas, acabarás chato, estúpido e monótono. A existente rastejante «cretinização» é revelada pelo trabalho mais do que, inclusive, pelo triste mecanismo da televisão e da educação. Um povo que se encontra arregimentado, habilitado para o trabalho pela escola, colocado entre parêntesis pela família e finalmente no lar para a terceira idade, está habituado à hierarquia e psicologicamente escravizado. As suas aptidões à autonomia encontram-se tão atrofiadas que tem medo do que possa significar a liberdade. Cada membro desse povo transporta para dentro da família a sua treinada obediência no trabalho iniciando, deste modo, a reprodução do sistema em diferentes caminhos: políticos, culturais e outros.


          "A estatística conta com casos evidentes, como os cem mil mineiros com doenças nos pulmões e dos quais quarenta mil morrem todos os anos. Uma fatalidade superior à sida [Nota: sida é o mesmo que AIDS — a tradução deste texto é de Portugal], por exemplo. Isto pode fazer-nos reflectir se tomássemos em conta a pretensão de alguns, quando se diz que a sida aflige particularmente os sexualmente pervertidos e que estes deveriam controlar os seus vícios. Porém, a actividade do mineiro é sacrossanta."



          segunda-feira, 18 de abril de 2011

          21 anos, idade emblemática, mas na real, é só mudar o ponto de vista... 21 anos, 21 voltas no Sol. E o que são 21 voltas no sol pro universo? NADA





          Valeu aí, cada dia de vida é uma victoria (queria que todos fossem tão lindos quanto).

          Mais um ano

          Cada vez mais consciente
          Cada vez mais atento
          Cada vez menos autômato
          Cada vez mais homem
          Cada vez mais amor.

          "Welcome my son, welcome to the machine..."

          sexta-feira, 15 de abril de 2011

          Kodoku no Hatsumei


          A banda se chama Toe. São do Japão. A música deles fala por si só. Essa se chama "A invenção da solitude". Acho os nomes de música que eles escolhem (além da própria música) fantásticos!


          Da alma, visceral. Simples e direto. Chupa esse drops sabor realidade.

          terça-feira, 12 de abril de 2011

          I heard this old story before
          Where the people keep killing for the metaphors
          Don't leave much up to the imagination,
          So I, wanna give this imagery back
          But I know it just ain't so easy like that
          So, I turn the page and read the story again
          And again and again
          It sure seems the same, with a diff. name
          We're breaking and rebuilding
          And we're growing
          Always guessing

          Never knowing
          Shocking but we're nothing
          We're just moments
          We're Clever but we're clueless
          We're just human
          Amusing but confusing
          Were trying but where is this all leading
          Never Know

          It all happened so much faster
          Than you could say disaster
          Wanna take a time lapse
          And look at it backwards
          From the last one
          And maybe thats just the answer
          That we're after
          But after all
          We're just a bubble in a boiling pot
          Just one breath in a chain of thought
          The moments just combusting
          Feel certain but we'll never never know
          Just seems the same
          Give it a diff. name
          We're beggin and we're needing
          And we're trying and we're breathing

          Never knowing
          Shocking but we're nothing
          We're just moments
          We're Clever but we're clueless
          We're just human
          Amusing but confusing
          Helping, we're building
          And we're growing
          Never Know

          Knock knock on the door to door
          Tell ya that the metaphor is better than yours
          And you can either sink or swim
          Things are looking pretty grim
          If you don't believe in what this one feeding
          Its got no feeling
          So I read it again
          And again and again
          Just seems the same
          Too many different names
          Our hearts are strong our heads are weak
          We'll always be competing never knowing

          Never knowing
          Shocking but we're nothing
          We're just moments
          We're Clever but we're clueless
          We're just human
          Amusing but confusing
          But the truth is
          All we got is questions
          We'll Never Know
          Never Know
          Never Know






          "MEU AMIGO JÁ DE MUITO TEMPO" Jack Johnson, mestre zen dos anos 2000 aí...

          Sobre o amor, o ciúme e o sexo

            "Naquilo que diz respeito ao Amor, ainda há tanto para fazer para todos e tão pouco tempo para fazer tudo. Não desperdice a sua energia lutando com o ciúme, com conflitos; mude, e mude amigavelmente. Procure em outro lugar a pessoa que o amará. Não se prenda a alguém que é errado, que não é para você. Não fique bravo, não se ganha nada com isso, e não tente forçar a confiança; ninguém pode forçá-la, nunca dá certo. Você perderá tempo, perderá energia e só se dará conta quando nada mais puder ser feito. Mude. Ou confie ou mude.
            O Amor sempre confia, ou se ele acha que a confiança não é possível, simplesmente muda de forma amigável; sem nenhum conflito, nenhuma briga. O sexo cria ciúme; procure, descubra o Amor. Não faça do sexo o essencial, ele não é.
            A Índia perdeu com o matrimônio arranjado; o Ocidente está perdendo com o amor livre. A Índia perdeu o Amor porque os pais eram muito calculistas e espertos. Eles não permitiam apaixonar-se: isso é perigoso, ninguém sabe para onde conduzirá. Eles eram muito inteligentes, e por causa da inteligência a Índia perdeu toda a possibilidade de amar.
            No Ocidente eles são muito rebeldes, jovens demais, não inteligentes, muito jovens, muito infantis. Eles fizeram do sexo uma coisa gratuita, disponível em todos os lugares. Nenhuma necessidade de descobrir o amor mais profundamente; desfrute o sexo e ponto. Pelo sexo o Ocidente está perdendo: pelo matrimônio o Oriente perdeu. Mas se você está atento, você não precisa ser oriental, você não precisa ser ocidental. O Amor não é nem oriental nem ocidental.
            Continue a descobrir o Amor dentro de você. E se você amar, cedo ou tarde a pessoa certa surgirá, porque um coração amoroso, cedo ou tarde, encontra um coração amoroso. Sempre acontece. Você achará a pessoa certa. Mas se tiver ciúme, você não achará, se está simplesmente atrás de sexo, você não achará, se você só vive em segurança, você não achará.
            O Amor é um caminho perigoso e só aqueles que têm coragem podem atravessá-lo. E eu lhes digo, é o mesmo com a meditação: apenas para aqueles que são corajosos. E só existem duas maneiras de alcançar o divino: pela meditação ou pelo Amor. Procure qual é a sua maneira, qual pode ser o seu destino.
            Chega por hoje."


          OSHO - Um pássaro em vôo, cap 6, págs 192 e 193.

          segunda-feira, 11 de abril de 2011

          Silêncio

          "Senti de um jeito muito físico o peso desta minha idade mental/racional/emocional/espiritual/whatever. Ele parecia estar falando uma conclusão óbvia que eu nunca tinha sentido tão sólida, uma parede sapateando na minha frente, os tijolos coloridos caindo e rodopiando. “Tantos filmes, tantas paixões, parece que você tem uns 50 anos.”

          50... Prolixo disse 180 uma vez. Qual é a idade de uma pergunta? Às vezes sinto que sou uma pergunta mutante, respondendo e perguntando para as próprias respostas e perguntas... Porque se no fundo nunca temos certeza é provável que tudo que pensamos seja pergunta. Mas a pergunta que realmente me mata é sobre o que sentimos. Qual é dimensão da diferença entre saber e sentir?

          E dizem que os filósofos morrem tristes e solitários... Seria isso só propaganda religiosa ou é simplesmente a busca da verdade que nos deixa tristes e solitários? Ou será o cansaço da busca? Ou o peso do silêncio da resposta? Serão também os astrônomos tristes e solitários ao olhar o universo tão lindo e tão silencioso?

          E haverá uma resposta? Ou só uma pergunta como resposta? Ou será o silêncio a resposta? E assim ouviríamos a resposta imediata para todas as perguntas. A mesma, às vezes tão sutil e às vezes tão pesada. Leve, carregada, inreproduzível fora da natureza. A resposta da luz, da sombra, das cores, dos cheiros, dos gostos, dos toques, dos olhares.

          Talvez seja por isso que a música, a irmã mais esquisita de todas as artes, seja a mais intrínseca ao ser humano... Perguntar pelo som ao silêncio."

          Texto fantástico por Thais Vaughn, em 07/04/2010 (pelo menos foi quando eu recebi)

          Psicologia da evolução possível ao homem

          No caminho da evolução, definido como um caminho baseado no esforço e na ajuda, o
          homem deve adquirir qualidades que crê já possuir, mas sobre as quais se ilude.
          Para compreender isso melhor, para saber que faculdades novas, que poderes
          insuspeitados pode o homem adquirir e quais são aqueles que imagina possuir, devemos
          partir da idéia geral que o homem tem de si mesmo.
          E encontramo-nos, de imediato, ante um fato importante.

          O  homem não se conhece.

          Não conhece nem os próprios limites, nem suas possibilidades. Não conhece sequer até
          que ponto não se conhece.
          O homem inventou numerosas máquinas e sabe que, às vezes, são necessários anos de
          sérios estudos para poder servir-se de uma máquina complicada ou para controlá-la. Mas,
          quando se trata de si mesmo, ele esquece esse fato, ainda que ele próprio seja uma
          máquina muito mais complicada do que todas aquelas que inventou.
          Está cheio de idéias falsas sobre si mesmo.
          Antes de tudo, não se dá conta de que ele é realmente uma máquina.

          O que quer dizer: “O homem é uma máquina”?

          Quer dizer que não tem movimentos independentes, seja interior, seja exteriormente. É
          uma máquina posta em movimento por influências exteriores e choques exteriores. Todos os seus movimentos, ações, palavras, idéias, emoções, humores e pensamentos são
          provocados por influências exteriores. Por si mesmo, é tão-somente um autômato com
          certa provisão de lembranças de experiências anteriores e certo potencial de energia em
          reserva.

          Devemos compreender que o homem não pode fazer nada.

          O homem, porém, não se apercebe disso e se atribui a capacidade de fazer. É o primeiro
          dos falsos poderes que se arroga.
          Isso deve ser compreendido com toda a clareza. O homem não pode lazer nada. Tudo o
          que crê fazer, na realidade, acontece. Isso acontece exatamente como “chove”, “neva” ou
          “venta”.
          Infelizmente, não há em nosso idioma verbos impessoais que possam ser aplicados aos
          atos humanos. Devemos, pois, continuar a dizer que o homem pensa, lê, escreve, ama,
          detesta, empreende guerras, combate, etc. Na realidade, tudo isso acontece.
          O homem não pode pensar, falar nem mover-se como quer. É uma marionete, puxada
          para cá e para lá por fios invisíveis. Se compreender isso, poderá aprender mais coisas
          sobre si mesmo e talvez, então, tudo comece a mudar para ele.
          Mas, se não puder admitir nem compreender sua profunda mecanicidade, ou não quiser
          aceitá-la como um fato, não poderá aprender mais nada e as coisas não poderão mudar
          para ele.

          O homem é uma máquina, mas uma máquina muito singular. Pois, se as circunstâncias se
          prestarem a isso, e se bem dirigida, essa máquina poderá saber que é uma máquina. E se
          se der conta disso plenamente, ela poderá encontrar os meios para deixar de ser máquina.